As histórias do Tanque -uma conversa com a professora Helena
Paulo - Então Helena, o que te levou à publicação deste livro “Um Tanque de Histórias”?
Helena – Achei mais interessante desenvolver um projecto que envolvesse não só os alunos da turma, mas a escola toda, embora tivesse material para o fazer apenas com a turma do 4º-A. Um livro de escola é mais abrangente.
Tive uma primeira ideia de desenvolver um projecto com artistas plásticos, e caso tivéssemos lucros estes seriam divididos pela escola e por uma instituição de solidariedade. Essa ideia tentava interligar com o projecto educativo da escola designado – Viver em Cidadania - Andei a contactar artistas plásticos mas, por razões várias, não encontrei nenhuma disponibilidade de colaboração.
Foi então que falei com a escritora Maria Aurora Homem e com a artista plástica, Filipa Venâncio. Deram-me força neste projecto e passei à fase de angariar patrocinadores. É claro que bati à porta de centenas de empresas, mas infelizmente ainda não se mostraram sensibilizados para projectos destes. Apenas uma dezena “abriu a porta”. Se fossem um evento com pompa teria tido mais apoio. Mas a escritora Maria Aurora acreditou que o projecto tinha qualidade para avançar e assim foi. Os alunos puseram-se ao trabalho.
Paulo – Que importância atribuis a este tipo de iniciativa, no contexto actual da Escola?
Helena – Trata-se de motivar para a escrita e também para a leitura. Tem muito a ver com o que a gente faz dentro da sala de aula.
Os alunos gostam muito mais de ler/ouvir textos seus e dos colegas. O ler, o mostrar e o contar assuntos que cada um encontra pertinente tem extrema importância nas crianças. Por outro lado, uma das finalidades da escrita é a comunicação - saber que alguém vai ler os seus textos. Assim, os alunos ficam também motivados para ler os textos dos outros – colegas e escritores. Aliás, isto é uma curiosidade e penso que já falei contigo sobre isto, pensei que os alunos estavam mais motivados para a matemática. No final do ano, quando fiz a avaliação e nos inquéritos perguntei o que mais gostaram de fazer, responderam-me: ler e escrever textos. Penso que foi o impacto do projecto do livro, pois algumas vezes quando pedia para escreverem eles recusavam essa tarefa.
Uma outra coisa muito importante que tem a ver com a escrita é a reescrita do mesmo texto. Alguns alunos têm a ideia de que não são capazes de escrever. Desta forma ficam a saber que é possível melhorar sempre, sozinhos, com o colega do lado ou com o grupo de trabalho.